O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com as recentes alterações na lei de imigração de Portugal, especialmente no que tange às restrições ao reagrupamento familiar para brasileiros que vivem no território português. Segundo ele, as mudanças colocam em risco direitos fundamentais de famílias separadas por fronteiras, e o governo brasileiro está acompanhando de perto o debate diplomático e legal.
Contexto da nova lei migratória
A nova lei de estrangeiros aprovada em Portugal introduz regras mais rígidas para quem deseja reunir familiares no país, impondo prazos de residência legal (em geral dois anos) como condição para solicitar a reunião. Há exceções para filhos menores, pessoas com deficiência e casais com filhos, mas para muitos casos a nova norma representa uma barreira significativa.
Além disso, a nova legislação estabelece que a entrada como turista com intuito de regularizar posteriormente será proibida — algo que antes era possível, ainda que com limitações. Para brasileiros e outros lusófonos, também foi estipulado que os vistos deverão ser solicitados no país de origem, em vez de serem convertidos após ingresso em Portugal.
Reação diplomática brasileira
A declaração de Lula coincide com um momento de mobilização diplomática: o Brasil tem manifestado que busca uma posição de negociação com Portugal para contrabalançar os impactos da lei. A comitiva brasileira enviada ao país europeu já pleiteia flexibilizações para casos de brasileiros residentes, por meio de diálogo institucional.
Diante desse cenário, a Câmara dos Deputados e o Senado brasileiro também acompanham as medidas com atenção, já que mudanças na lei portuguesa podem afetar milhares de cidadãos brasileiros que mantêm vínculos familiares ou pretendem estabelecer família em Portugal.
Défis jurídicos e humanos
Uma das críticas já levantadas é que certas partes da nova lei poderiam entrar em conflito com princípios constitucionais portugueses — como o direito à vida familiar, previsto na Constituição, e o princípio da proteção da família como núcleo social fundamental.
O Tribunal Constitucional de Portugal vetou parcialmente a versão inicial da lei por considerar cláusulas vagas ou desprovidas de clareza jurídica, o que levou o governo a realizar ajustes pontuais, especialmente em expressões relativas ao reagrupamento familiar e aos requisitos de integração (língua, cultura, valores constitucionais).
Para muitos brasileiros com situação legal em Portugal, essas mudanças trazem incertezas:
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Casos de familiares que aguardavam reagrupamento podem ficar retidos por prazos mais longos ou serem indeferidos.
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Cônjuges e dependentes de brasileiros já residentes podem enfrentar demora adicional ou recusa se não se enquadrarem nas exceções da lei.
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Em situações de vulnerabilidade (filhos menores, deficiência), a lei prevê exceções — porém, a aplicação dessas exceções dependerá de decisões judiciais e das interpretações locais.
Fontes:
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Jornal Público Brasil
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G1
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CNN Portugal
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