Ricardo Bak Gordon: Uma Jornada Inspiradora
Recentemente, li uma matéria fascinante sobre Ricardo Bak Gordon, um arquiteto que tem se destacado por integrar elementos arquitetônicos do Brasil e de Portugal em seus projetos. Seu trabalho recente em Lisboa me chamou particularmente a atenção. Ele transformou um antigo armazém industrial, localizado entre o Museu de Arte Antiga e o Bairro da Lapa, em uma residência moderna e sofisticada. Esse projeto é um exemplo perfeito de como Bak Gordon utiliza materiais contrastantes de maneira harmoniosa.
Transformando Espaços Históricos
A casa, situada em um terreno estreito e comprido, parece pequena à primeira vista, mas surpreende com seus três pisos, um pátio central e até um jardim. A fachada de azulejos verdes cerâmicos, feitos à mão, se destaca imediatamente. Cada azulejo é único, contribuindo para a singularidade do projeto. Bak Gordon explica que ele gosta de reunir e compor uma paleta de materiais que, normalmente, não são vistos juntos. Para ele, a cerâmica vidrada e o betão, apesar de parecerem de universos distantes, foram combinados de maneira coesa neste projeto.
No interior da casa, a aposta é no betão, presente em quase todas as paredes e tetos, contrastando com o piso de madeira e uma paleta cromática neutra. Este material não só funciona bem como elemento estrutural, mas também oferece um sentido plástico e atmosférico que Bak Gordon aprecia muito. A casa, concluída em 2023, foi projetada para ser intemporal, continuando o diálogo entre a arquitetura histórica da rua e o que ainda está por vir.
Filosofia de Continuidade
O que torna o trabalho de Ricardo Bak Gordon tão especial é sua filosofia de continuidade. Ele acredita que a boa arquitetura não deve ser feita por ruptura, mas sim por uma continuidade que respeita a integração dos lugares, enquanto acrescenta algo novo. “Quando a arquitetura funciona e cumpre seus objetivos, ela é boa desde há 50 anos como deve ser boa daqui a 50. São construções que vão durar e perdurar no tempo, e as qualidades também são reconhecíveis ao longo do tempo”, afirma Bak Gordon.
Este projeto específico em Lisboa é um exemplo claro dessa abordagem. A fachada tradicional, com seus azulejos feitos à mão, e o moderno uso do betão no interior, criam uma harmonia que respeita o passado enquanto olha para o futuro. O portão da garagem, de madeira gradeada, é um detalhe interessante que permite uma espiada no interior, reforçando a conexão entre a casa e a rua.
Desafios e Conquistas
Ricardo Bak Gordon enfrentou o desafio de integrar a casa na atmosfera sensível do bairro, um feito que ele considera essencial para a qualidade do projeto. “Não acredito que a arquitetura se faça por ruptura. Acho que se faz por continuidade”, descreve ele. Essa filosofia é visível em cada detalhe da casa, desde a escolha dos materiais até o design estrutural.
A obra, que levou dois anos para ser concluída, foi fotografada por Francisco Nogueira, capturando a junção de materiais improváveis e o eterno diálogo entre o moderno e o tradicional. Bak Gordon descreve seu trabalho como uma busca constante para respeitar a integração dos lugares, ao mesmo tempo em que acrescenta algo novo. Ele acredita que a arquitetura deve ser atemporal, capaz de continuar um diálogo com o que já existia e com o que continuará a existir.
Impacto Cultural
O trabalho de Bak Gordon não só representa um avanço na arquitetura, mas também um ponto de união cultural entre Brasil e Portugal. Seus projetos são uma celebração das influências mútuas e da rica herança arquitetônica de ambos os países. Ao combinar elementos tradicionais com técnicas modernas, ele cria espaços que são tanto funcionais quanto esteticamente agradáveis.
Para mim, a leitura dessa matéria foi uma revelação. Fiquei profundamente inspirado pela capacidade de Ricardo Bak Gordon de unir dois mundos através da arquitetura. Sua habilidade de criar continuidade e respeito pelos ambientes históricos, enquanto introduz novos elementos, é algo que todos os arquitetos deveriam aspirar a alcançar.